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quarta-feira, 28 de março de 2012

Anjos, Arcanjos e Querubins




Artigo: Anjos, Arcanjos e Querubins - Por: CB Teixeira PM RN
Acs PM RN

“Um dia a casa cai”, dizia humoristicamente meu avô materno, que por sinal era analfabeto e filósofo. Quando assim dizia, repetia um adágio popular muito comum, que talvez em sua sinonímia banal, quisesse dizer que: “quem caça, acha”.


No reino do além-terra, no vasto vácuo transcendental onde paira o sobrenatural, existe, segundo as tradições deístas, um universo povoado por figuras abstratas denominadas Anjos, dos quais até já falamos antes, organizadas numa cadeia hierárquica simples e lógica (pelo menos para a lógica dos anjos) em uma escala tríplice onde se percebe os Anjos, os Arcanjos e os Querubins.


Os Anjos estão na base da pirâmide hierárquica, cabendo a estes todo tipo de tarefas menos nobres, inclusive o dever de prestar obediência, sob pena de severas punições, aos Arcanjos e aos Querubins. Sem os Anjos o mundo fantástico dos deuses e semideuses não funciona a contento.


Logo acima dos Anjos estão os Arcanjos. Estes são de uma casta privilegiada. Manobram além dos Anjos, as figuras que porventura aparecerem abaixo destes. São na verdade os que gerenciam todos os projetos e determinam o “modus operandi” de tudo quanto é feito. Manipulam os bens, os móveis e imóveis, as informações, os contatos, os contratos, os recursos, enfim... Os Arcanjos são uma classe intermediária que respira ares de superior. Não será surpresa, se entre eles se encontrar algum exemplo de empáfia ou até mesmo de insensatez.

O orgasmo tresloucado dos arcanjos é manipular a bel prazer, os anjos. É tê-los como peça de uso e abuso, nem que para isso corram riscos iminentes.
Mas os Arcanjos não são “essa coca-cola toda” que pensam, pois logo acima destes estão os Querubins. Os Querubins são algo mais que os intocáveis. Com pouco cacife não se prova de seu caviar, com pouca reza não se come de seu maná sagrado, com pouca escada não se galga o cimo de sua intolerância, e com pouco argumento não se reverte facilmente sua filosofia cega e irracional.

Os Querubins sim são os intocáveis. Anjos e arcanjos, às vezes até caminham no mesmo barco, às vezes até dividem o mesmo sabor e dissabor conseqüentemente. Os Querubins não. Os Querubins, já disse: são intocáveis.


Quando Anjos e Arcanjos são pegos “com a boca na botija” lá estão os Querubins exaltando-se de terem feito um grande feito. E dizem: não se pode permitir que Anjos e Arcanjos façam uso da maquina do “céu” para fins próprios, assim vamos à bancarrota.


Pobres Anjos. Pobres Arcanjos.


E quando Anjos e Arcanjos são utilizados como peças decorativas nos gabinetes dos Querubins ou até mesmo como condutores fieis de suas naves supersônicas, não estão estes a serem utilizados em proveito individual?
Os Querubins exibem pomposamente as imagens captadas por suas lentes vivazes, mostrando os Anjos e os Arcanjos com as mãos “enfiadas na cumbuca”, mas estas mesmas lentes são opacas quando voltadas para dentro dos gabinetes e saletas deles próprios, onde usurpam a mão de obra principalmente dos Anjos em detrimento de seus próprios interesses e enxergam isso com os olhos da normalidade.

Mesmo que outros anjos, de sorte inferior estejam sendo sacrificados para repor o trabalho daqueles que vivem do ócio, dos aparelhos de ar-bcondicionado e dos uniformes de gala, rindo da pouca sorte dos anjos de linhagem inferior.


Agora os Querubins, não se sabem por quais interesses, querem “tapar o sol com uma peneira” e fingindo não saber que “enfiar a mão na cumbuca” é uma constante na fórmula da imoralidade que se estabeleceu ao longo dos anos nesse modelo corrompido de sociedade atual, quer ampliar sua fachada de seriedade, usando “meio chiqueiro de bodes expiatórios”, com leves tendências a uma quebra de galho do lado mais fraco, já que nessa lógica, o lado mais podre é sempre o mais forte.


Nós, os Anjos de visão, já estamos carecas de saber que o que ora se expõe é corriqueiro no mundo dos brancos anjos cinzas. E nós, que por pouco tempo usamos essa auréola encardida pelos tantos maus exemplos como os que agora se expõem,sabemos disso, imaginem os Querubins!
Diante de tudo não nos contentamos com os discursos de Arcanjos e Querubins, como não apostamos na inocência dos anjos. Mas queremos alertar para o fato de que os anjos são uma categoria subalterna, que muitas vezes não podem falar nem ao menos para cobrar seus próprios direitos, imaginem contrariar as ordens de Arcanjos e Querubins.


Aos Querubins, alertamos para que limpem suas lentes, de forma que estas possam capturar imagens cada vez mais nítidas e imparciais e que possam inclusive girar em ângulo de 360º, pois em toda volta há Anjos, Arcanjos e Querubins com “a mão na cumbuca”, confiando na cegueira da justiça dos homens, que ao invés de ter herdado os olhos da coruja, herdou o manto sujo de Baco com o qual fez uma venda para uso constante.


Para os que ainda assim não entenderam esta ínfima parábola, mais um adágio popular como interrogação necessária: “o sujo pode falar do mal lavado?



Marcos Antonio de lima Teixeira
Sociólogo, poeta e pensador, é diretor de comunicação da ACSPMRN.

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