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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Integrantes do RN pagam mensalidade de até R$ 500 ao PCC


Que a presença do crime organizado dentro de presídios do Rio Grande do Norte é constatada não só por agentes penitenciários ou policiais. Um estudo de dez anos dentro do sistema prisional desenvolvido por uma doutora em assistência social revela que nos últimos anos facções se formaram dentro das unidades, entre elas o Primeiro Comando da Capital. O nível organizacional é tão elevado que os presos chegam a pagar mensalidades de até R$ 500, em uma espécie de “sindicato”, e também criam códigos secretos para se referirem a drogas ou telefones. Até mesmo tatuagens simbolizam características específicas de cada detento. O estudo faz parte de uma tese de doutorado da professora Hilderline Câmara de Oliveira. Ela trabalha dentro do sistema penitenciário há dez anos, tendo estagiado, inclusive, na antiga João Chaves. Hoje, a assistente social dispõe de um vasto material detalhado sobre a atuação do crime organizado, bem como o uso de linguagens próprias. Me dá um “café com leite”, por exemplo, é uma expressão usada pelos presos para pedir maconha. Me passa o teu “Duas Duas Letras”, por sua vez, corresponde a um chip da Oi, assim como o “Duas Três Letras” refere-se ao chip da Tim e o “Duas Cinco Letras” ao chip da Claro. De acordo com Hilderline Câmara, os grupos são bem articulados e capazes de promover ações de grande porte a qualquer momento. Alguns dos presos chegaram a relatar que fazem ligações internacionais de dentro do presídio. Para manter a estrutura funcionando bem, todos os apenados que integram facções como o PCC são obrigados a pagar uma espécie de “sindicato do crime”. A mensalidade varia de acordo com o poder do criminoso ou se ele está no regime fechado, semiaberto ou aberto. Os que estão nas ruas pagam valores maiores, já que dispõem de tempo para conseguir recursos através de crimes. As taxas de mensalidades, segundo o que foi levantado no estudo da doutora Hilderline, são de R$ 500 para os presos do aberto, R$ 250 para os do semiaberto e R$ 25 para os do fechado. Esse dinheiro é guardado no caixa da facção e usado, entre outras coisas, para pegar advogados para outros integrantes que estejam passando por dificuldades.
Apesar de vários indícios da presença do PCC dentro das unidades, alguns detentos negam que sejam parte integrante da facção criminosa. No entanto, um detalhe foi apresentado à assistente social durante sua pesquisa: alguns detentos chegam a tatuar a sigla PCC na parte interna do lábio inferior. As tatuagens, aliás, também são feitas dentro da penitenciária. Em Alcaçuz, por exemplo, os detentos produziram uma máquina de tatuagem artesanal. Cada tatuagem varia de preço, chegando até R$ 60, e são feitas a partir de tinta de tecido, sem nenhuma segurança. Como a qualidade não é boa, os presos fazem retoques a cada três meses. A imagem de uma borboleta, por exemplo, é feita em detentos que gostam de fugir. Já a frase Vida Loka é tatuada naqueles que não temem cometer nenhum tipo de crime. Contudo, a grande força das organizações criminosas está no poder de comunicação com o mundo externo. Para ser líder é preciso ter boas relações tanto dentro quanto fora, além do poder aquisitivo. Mesmo atrás das grades, os presos conseguem manipular seus comparsas que estão fora e articular ações, como os ataques registrados em Natal, no último fim de semana. Para manter a ordem, os detentos se baseiam no Estatuto do PCC, que conta com mais de dez tópicos, reforçando, principalmente, a lealdade.
Veja alguns dos códigos: Café com Leite – Maconha, Café com biscoito – Baseado, Duas Duas Letras – Chip da Oi , Duas Três Letras – Chip da Tim, Duas Cinco Letras – Claro ,Pé de Sapato – Número do telefone ,Rádio – Celular, Alô – Recado, Escravo – Agentes ,Bota fora – Advogado

Um comentário:

  1. Quero informar,se for por esses codigos que o pcc se indentifica,todos os presos são do pcc,porque em uma operação com escultas telefonicas no presidio de pau dos ferros os presos usavam a essa mesma linguagem,esses codigos são usados em todos os presidios.

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